Construir uma Infraestrutura Digital Pública segura, interoperável e resiliente exige repensar a identidade digital, incorporando tecnologias-chave como biometria e inteligência artificial como um componente estratégico para o desenvolvimento econômico e a confiança digital.
Por Miguel Santos Luparelli Mathieu, Product Innovation Director
A identidade digital é muito mais do que um mecanismo de autenticação. É a ponte essencial entre o mundo físico e o ambiente digital, tendo se tornado um pilar fundamental para promover economias mais conectadas, eficientes e seguras. De acordo com o Grupo Banco Mundial, juntamente com os pagamentos digitais e a gestão de dados compartilhados, a identidade digital constitui um dos três blocos fundamentais de uma Infraestrutura Digital Pública (IDP) que permite aos países acelerar sua transformação digital de forma soberana e sustentável.
Uma IDP moderna requer soluções robustas de Verificação Digital de Identidade (IDV), baseadas em tecnologias como a biometria, que garantam altos níveis de segurança e, ao mesmo tempo, preservem a privacidade dos cidadãos. Esse ecossistema também deve ser sustentado por uma Infraestrutura de Chave Pública (PKI) resiliente.
Soberania tecnológica, eficiência, cibersegurança e interoperabilidade
A adoção de componentes digitais seguros, de alta qualidade e com capacidade de interoperar entre jurisdições não só impulsiona a eficiência das transações digitais, mas também fortalece a soberania tecnológica dos países.
A Comissão Europeia, por exemplo, com seu programa-quadro DIGITAL 2025-2027, promove uma abordagem baseada na colaboração público-privada para melhorar a cibersegurança, a inteligência artificial e as capacidades digitais.
Esse tipo de infraestrutura (IDP) não apenas permite antecipar ameaças e melhorar a capacidade de resposta a ciberataques ou interrupções, mas também facilita a recuperação ágil de serviços críticos e a continuidade operacional dentro do ecossistema digital.
Marcos de confiança: colaboração global para a identidade digital
A Infraestrutura Digital Pública é construída sobre múltiplos marcos de confiança — públicos e privados — que permitem a interoperabilidade entre países e regiões. Alguns exemplos chave incluem:
- Europa: Marco Europeu de Identidade Digital
- Canadá: DIACC (Digital Identity and Authentication Council of Canada)
- Estados Unidos: AAMVA mDL / VICAL
- Reino Unido: DIATF (Digital Identity and Attributes Trust Framework)
- Austrália: Austroads Digital Trust Service
- Cingapura: Singpass
No setor privado, surgem iniciativas como a da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que explora o uso de identidades digitais para agilizar processos aeroportuários por meio de experiências de autenticação sem contato (“Seamless and Contactless Travel”).
Todos esses marcos compartilham uma visão comum: permitir a apresentação seletiva de atributos de identidade — o que implica minimização de dados — e fomentar a descentralização do armazenamento, dando ao usuário total controle sobre suas informações pessoais.
Dados compartilhados para reforçar a segurança coletiva
A Infraestrutura Digital Pública (IDP) também contempla o compartilhamento de dados transacionais anonimizados entre entidades do ecossistema financeiro e tecnológico. Essa abordagem permite detectar comportamentos atípicos, prevenir fraudes e reforçar a segurança sistêmica por meio de:
- Análise de sinais e eventos
- Detecção de intencionalidade
- Modelos preditivos de inteligência artificial
Esses mecanismos são essenciais para identificar casos como lavagem de dinheiro, uso de contas laranjas ou tentativas de fraude de identidade, viabilizando uma resposta colaborativa, antecipada e automatizada aos riscos.
Credenciais verificáveis e autenticação resistente a fraudes
Credenciais Verificáveis (VCs) são documentos digitais que permitem comprovar, de forma segura e privada, atributos ou informações pessoais, como identidade, idade ou nacionalidade. Essas credenciais podem ser emitidas e verificadas por entidades confiáveis, sendo especialmente úteis em contextos onde a autenticação precisa ser rápida, segura e preservar a privacidade.
As Credenciais Verificáveis consolidam-se como um dos formatos mais promissores para as futuras identidades digitais. Seus principais benefícios incluem:
- Descentralização e interoperabilidade
- Segurança por meio de criptografia de chave pública
- Apresentação seletiva de dados (ex.: comprovar maioridade sem revelar a data de nascimento)
- Compatibilidade com Autenticação Forte (SCA) quando combinadas com biometria facial
Emitidas após um processo de Verificação Digital de Identidade com alto nível de segurança, essas credenciais podem substituir progressivamente os documentos físicos e atender a normas como KYC, AML e CFT no setor financeiro.
Rumo a um ecossistema digital resiliente, seguro e centrado no cidadão
Em última análise, integrar a identidade digital com outras camadas tecnológicas — como a Infraestrutura de Chave Pública (PKI), a biometria, a inteligência artificial e as credenciais verificáveis — permite construir ecossistemas digitais mais:
- Seguros e confiáveis
- Ágeis e interoperáveis
- Resilientes a ameaças e interrupções
- Centrados no controle de dados pelo próprio usuário
Essa abordagem não apenas é fundamental para proteger pessoas e instituições, mas também atua como um catalisador para o crescimento econômico sustentável, a inclusão digital e a consolidação de uma soberania tecnológica real e efetiva.
Na Facephi, trabalhamos para oferecer soluções de identidade digital seguras, acessíveis e interoperáveis, ajudando governos e empresas a construir infraestruturas digitais mais confiáveis, inclusivas e resilientes.
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